as pessoas conversavam mais pessoas desconhecidas puxavam papo no onibus, na fila do banco, na sala de espera do exame eu usava fone de ouvido e assumia a chata, que não queria conversa mas a real é que eu adorava ouvir histórias de amor e guerra, não necessariamente separados agora no trânsito, além dos dias de dezembro calor demais, só a companhia desconfortável da moça do spotify dizendo que pular faz bem e eu teimo em discordar olho ao redor um barulho da peste mas quase nenhuma história ninguém falando que a vizinha de Luciana viajou 2 dias e voltou noiva de outra mulher pq ela cansou dos macho capenga dando trabalho não tinha nem mais cobrador com consciência política duvidosa falando que recebeu por zap zap a notícia da mamadeira de piroca nem ninguém sofrendo ouvindo sem parar que tá indo embora e que a mala já tá lá fora as pessoas conversavam pra não dizer que não falei das dores, a moça sentada no banco da frente, aqueles virado ao contrário, que me deixam tonta, deu uma gaitada olhando pro celular e gravou um áudio: "se eu fosse metade do que esse caba diz que eu sou, ele teria nem mais pau" as pessoas conversavam existia uma urgência, uma necessidade de trocar, de colocar pra fora qualquer coisa tá um calor da peste hoje né? esse ônibus passa na boa vista? tu tem hora, bença? as pessoas conversavam meu celular apitou 7 vezes algumas tentativas de conversas frustradas 2 reuniões marcadas um exame confirmado te amo também
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PRISCILLA
BUHR
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