PRISCILLA
BUHR
Erro99
“estive no rio e vi o mar. vi que ele não tem portas, janelas, ombros ou cotovelos. nele, nada se articula. tentei contar uma história para ele. ele não me ouviu, mas disse: por que você precisa de verbos para falar?”
Noemi Jaffe
Belém, junho de 2012. Salvador, fevereiro de 2014. Erro99 é um ensaio sobre desacertos. Duas cidades, duas sensações, dois olhares de um mesmo espectador, separados pelo tempo, unidos pelo erro. Uma sobreposição de úmidos, de paisagens latentes, onde o rio e o mar se tornam corpo, vívido, pulsante. O ensaio surge na percepção do erro: um filme fotográfico exposto, acidentalmente, duas vezes em um intervalo de 2 anos. As memórias se fundem criando um novo espaço a ser absorvido pelos olhos, onde tudo não é mais o que se viu, e sim, o que se viveu, e, o destino é uma construção narrativa dos acasos. Erro99 é deslocamento de espaço e tempo, é construção no descaminho. A consciência erra pelas bordas, erra um pouco no meio, erra para não saber nunca o final, erra, porque o erro não é aleatório. Em Erro99 busco o encontro com um novo espaço-tempo que só existe na materialidade de fotografias onde vivências e sentidos se entrelaçam.