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FOTOLIVRO NÃO REAGENTE

Em “Não Reagente”, Priscilla Buhr nos convida a ver: a mulher, seu corpo e a maternidade – supostamente nossa função suprema – como uma possibilidade de ‘não’. Historicamente, a mulher é a emissora do ‘sim’: ela recebe, acolhe, conforta, gesta, ama. Se ao homem é reservado o lugar do limite, da mulher se espera a continência. Como é possível uma mulher grávida ou, o que é ainda mais difícil, uma mãe, dizer não? Na gravidez, a mulher se torna material reagente, via de acesso de um ser à vida. Entretanto, engravidar, ou deixar-se transformar pela presença de outro corpo no seu, também pode ser negar-se a reagir, como quem dissesse: sou o outro, mas não sou. Ser quem se é antes de ser o feto, antes de ser o filho, antes de ser a mãe. Em algum lugar da consciência e do corpo, dizer: não estou grávida e não sou mãe. Sou a que fui e a que serei, não reajo à presença de um corpo estranho em mim. Para que meu filho seja, também eu preciso ser. Sou serpente, constelação, caracol, fios, dores, folhas, ninhos, tatuagem, pixação, sou eu que falo e escrevo, sei e não sei. Sou eu que não sei: ser grávida, ser mãe. Priscilla Buhr, com seu projeto “Não Reagente”, nos convida também a uma recusa. Recuso-me a ser reagente: substância que serve apenas para identificar a presença do outro ser em mim.

 

Noemi Jaffe

FICHA TÉCNICA

Fotografias e conceito | Priscilla Buhr

Edição e curadoria | Maíra C Gamarra

Design | Clara Simas e Priscilla Buhr

Texto | Priscilla Buhr, Noemi Jaffe e Maíra C Gamarra

Revisão de texto | Aída Lima Aloise e Eduarda Vieira

Tratamento de imagem | Priscilla Buhr

Produção gráfica | Carolina Rolim e Ricardo Luis Silva

Gráfica | Margraf Editora e Industria Gráfica

Tiragem | 500 exemplares

ISBN | 978-65-01-27552-9

Fotolivro autopublicado com incentivo do

Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura - Funcultura

Não Reagente, assim como a experiência da maternidade para as mulheres - tema e abismo sobre o qual Prisilla Buhr mira e se debruça para este projeto desde 2015 - é uma obra aberta e sempre inacabada. Não apenas pela complexidade de camadas que aborda numa poética crítica social sobre a compulsoriedade do nada natural estereótipo de instinto maternal mas também pela multiplicidade de maneiras que cada visita a este trabalho amplia nossa visão, na minúcia dos detalhes em cada imagem, sobre a sufocante e opressora vivência feminina de ter ou não ter filhos.

Em sua sensível fotografia, a autora traça um mapa emocional sobre o não dito, as sensações inconscientes que reverberam nas pessoas que gestam e também nas que não geram seus descendentes, à revelia da sua vontade. A partir de uma inquietação biopolítica sobre a natureza do anseio da maternidade, Não Reagente titula o sentimento de impotência das mulheres sobre seus corpos num país historicamente machista que lhes sequestra direitos e lhes toma a decisão reprodutiva, impondo condições violentas de sobrecarga e desalento de políticas públicas desde a concepção.

Ao mesmo tempo que desvela as veias abertas da desromantização da maternidade Não Reagente é um manifesto pela “reação”, em que Priscila Buhr escancara, visceralmente, as entranhas da sua própria história para pulsar em todas nós a contravenção possível no ato de parir e dar vida aos sonhos, sejam eles filhos ou não. Nesse sentido, mergulhar no nosso próprio sangue, inescapável nas nossas “regras”, é um convite para transmutar e converter o maternar de IMPOSSIBILIDADE e restrição em um contraponto de FORÇA e liberdade para ser mulher nesse mundo APESAR DE.

Texto: Geisa Agrício

DESTAQUES

Captura de tela 2025-07-24 183059.png

Boneco do fotolivro selecionado na Convocatória de Leitura de Maquetes de Fotolivros do Solar
 

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Fotolivro finalista do Premio Internacional StgoFoto 2025
 

 priscillabuhr

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