PRISCILLA
BUHR
NÃO
REAGENTE
O que pode uma mulher?
E quando ela se torna mãe?
A maternidade muitas vezes aparece para nós, mulheres, como destino. Construímos nossa identidade inevitavelmente enfrentando a (im)possibilidade de nos tornarmos mães em uma sociedade que impõe sem oferecer o devido apoio. “Não Reagente” é fruto de 10 anos de uma profunda e delicada pesquisa e que questiona e reflete sobre o estigmas e pressões sociais em torno da maternidade, gestação compulsória e infertilidade.
Exposição no Murillo La Grega, Recife (2023)
Não Reagente é a segunda exposição individual da fotógrafa e artista visual Priscilla Buhr, realizada entre março e maio de 2023 no Museu Murillo La Greca, em Recife, com curadoria de Maíra C. Gamarra. A mostra reuniu cerca de 50 obras e propôs um mergulho poético e crítico nas complexidades da maternidade, abordando temas como infertilidade, gestação compulsória, autonomia e a invisibilidade das mães, especialmente no campo artístico. Com base na fotografia contemporânea e em experimentações com diferentes suportes, Buhr desafiou discursos normativos sobre o maternar e ampliou os contornos do seu fazer artístico. A exposição também refletiu sobre a exclusão de crianças dos espaços culturais, propondo uma expografia acolhedora, interativa e voltada à inclusão.
Fotolivro Não Reagente (2025)
Lançado em 2025, o fotolivro Não Reagente é uma obra aberta, viva e mutável em que a artista explora o abismo da maternidade em sua vastidão. Com curadoria de Maíra C. Gamarra, projeto gráfico de Clara Simas e Priscilla Buhr, e posfácio de Noemi Jaffe, o livro adota uma linguagem visual sutil e provocativa, que transita entre o silêncio e a denúncia. Fruto de quase uma década de pesquisa e dois anos de desenvolvimento gráfico, Não Reagente propõe uma experiência sensorial e tátil. A costura aparente na lombada funciona como signo visual, remetendo ao cordão umbilical e às tensões que atravessam corpo, tempo e narrativa. A paleta cromática, centrada em vermelhos de diferentes intensidades, evoca o sangue como imagem de ruptura, permanência e transformação. Entre o gesto suspenso e a ordem forçada, o fotolivro constrói um mapa sensível do não-dito, dando forma ao sentimento de impotência que atravessa gerações de mulheres — tanto as que gestam quanto as que, por escolha ou circunstância, não o fazem. Não Reagente é um sussurro que fere, o grito mais alto do expulsivo, um círculo de fogo queimando os “nãos”.